Oficina avançada de Teatro do Oprimido

 

 

Oficina avançada de Teatro do Oprimido com Julian Boal

No teatro-fórum, as peças são perguntas lançadas a uma plateia. O facto de durante a sessão nós, como responsáveis e atores das peças, não termos o direito de responder a essas perguntas, não diminui a nossa responsabilidade no modo como moldamos e formulamos as perguntas. Pelo contrário, nem todas as questões são igualmente úteis, éticas ou responsáveis num teatro-fórum.

Por exemplo, perguntar o que pode uma determinada mulher fazer no momento preciso em que está sob ameaça de ser agredida pelo marido só reforça a ideia perigosa de que aquelas que experienciam a violência são de certo modo responsáveis por fazer alguma coisa para parar os seus agressores. Utilizar o fórum para investigar o momento da agressão convida a estratégias como deixar o marido, arranjar formas de o acalmar, ripostar, etc. Mas não permite perguntar o que está na base daquela relação de poder e como combater a raiz daquela opressão, o que pode acabar por legitimar a sua existência. Enfatizar as escolhas daquele momento concreto, sem questionar as condições que produziram aquela situação nem os constrangimentos que existem e que condicionam as escolhas disponíveis é cair na ideologia Nike: “Just do it!”

Nesta oficina, as e os participantes irão ter contacto com uma variedade de técnicas do TO que podem ser mobilizadas no processo de desenvolvimento e construção de uma peça de teatro-fórum. Partiremos das peças dos grupos que organizam este encontro, para as trabalhar de tal modo que as perguntas não enfatizem a responsabilidade individual, mas estimulem respostas sobre como podemos organizar-nos para mudar a sociedade que permite e encoraja a opressão. Haverá a oportunidade para experimentar diversas técnicas de ensaio e ainda para discutir o papel do/a curinga.

 

julian

Julian Boal é curinga e investigador sobre Teatro do Oprimido. Já realizou muitas dezenas de oficinas em mais de 25 países por todo o mundo, tendo tido colaboração intensa na co-direção de muitas delas com Augusto Boal. Colabora regularmente com grupos de TO na Índia, Espanha, Croácia ou França. É autor do livro “Imagens de um teatro popular”.

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